Desemprego no setor da construção civil aumenta 60% após Copa em MT
Há quase sete anos Cuiabá se tornava um grande canteiro de obras para realização da Copa de 2014. O Mundial viria para mudar a vida dos brasileiros, seja na conquista do sonhado hexacampeonato ou para a geração de empregos. Na construção civil, por exemplo, a demanda foi muito grande. O cenário atual para o setor, entretanto, é bem diferente.
Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção Civil de Cuiabá e Município (SINTRAICCM), Joaquim Santana, no setor que ele representa a média era de 35 mil a 45 mil trabalhadores na Baixada Cuiabana, isso na indústria leve, sem contar a construção pesada.
“Hoje não temos 40% desses trabalhadores. As empresas que tinham mil funcionários hoje tem apenas 100, somente para manter a empresa viva. Quem tinha aí 200 trabalhadores está com 10, 20, apenas para não parar”, conta.
O sindicato realiza um levantamento de obras paradas no Estado. O trabalho começou em Várzea Grande, aonde foram indentificados problemas nas obras do Minha Casa, Minha Vida. Mas as obras da Copa também estão na mira de vistoria.
“Estamos fazendo uma campanha para sensibilizar a sociedade e o governo sobre a necessidade de retomar essas obras para a geração de empregos, porque a gente sabe que nem mesmo obras da Copa foram terminadas. Nem o estádio do Verdão, aqui no nosso Estado”.
A construção do Centro Oficial de Treinamento Barra do Pari (COT), localizado em Várzea Grande, por exemplo, teve início em outubro de 2013 e deveria ser concluída em maio de 2014, um mês antes dos jogos da Copa. Em 2013, a obra de R$ 25,5 milhões teve o valor do contrato aditado em R$ 1,3 milhão, elevando o custo para R$ 26,8 milhões.
Quase três anos depois, o projeto passou a valer R$ 31,7 milhões, segundo informações dadas em 2015 pela Secopa, devido aos aditivos concedidos ao Consórcio do Pari. “Olha o tamanho do prejuízo que está lá. Já pensou se retomassem essas obras? Nós íamos ter emprego como se estivéssemos na Copa.”
Questionado sobre como os trabalhadores da construção civil estão sobrevivendo, já que a demanda não é muito grande, Joaquim comenta que alguns entram na informalidade. “Alguns estão fazendo bicos, isso e aquilo, são poucos os que estão totalmente desempregados. Esses que estão totalmente desempregados são os que aprenderam a viver de um prédio, uma casa, com carteira assinada. Desaprenderam a fazer serviços particulares. Esses têm dificuldades, mas graças a Deus a informalidade segurou esses nossos trabalhadores”, afirma.
Obras
Ao todo, 56 obras foram prometidas para a Copa, mas por diversos problemas e atrasos poucas foram entregues. Os viadutos da Sefaz e da UFMT, por exemplo, deram dor de cabeça aos cuiabanos. O primeiro chegou a ficar fechado por mais de um ano, em razão de problema estrutural. Já no da UFMT ocorreu erro no cálculo na colocação de uma das pilastras que sustentam o elevado. Outro problema é ocasionado pela falta de drenagem, haja vista que em época de chuva a parte inferior fica completamente alagada.
Cerca de 22 obras da Copa foram objeto de um Termo de Ajustamento de Gestão (TAGs) assinado entre o governo e o Tribunal de Contas do Estado. Em 2015, mais de 20 obras estavam paradas. Agora, todas caminham para uma resolução.
No total, nove contratos já estão concluídos. Entre eles estão o Morro do Despraiado, muros limítrofes (Vila Militar, aeroporto e UFMT), ruas no entorno da Arena Pantanal (lote 1), Trincheira Verdão, duplicação da rodovia Mário Andreazza, duplicação da Estrada da Guarita, Trincheira Ciríaco Cândia, além dos contratos das empresas supervisoras Exímia e Maia Melo.
No Tijucal, a obra tem o custo de R$ 36,7 milhões. A ordem de serviço para os trabalhos foi dada em julho de 2012, e o prazo previsto para o término era de 540 dias. O consórcio responsável pela obra é EEF, composto pelas empresas Enpa, Engeponte e Funsolos. Já no Santa Rosa, a ordem de serviço da trincheira foi firmada em abril de 2013, com a empresa Camargo Campos S.A Engenharia e Comércio, ao custo total de R$ 27,8 milhões. Já foram utilizados mais de R$ 24,6 milhões, mas ela não foi concluída. O prazo de execução também era de 540 dias.
A obra da Arena Pantanal e do VLT, no entanto, estão excluídas dos TAGs. O governador Pedro Taques (PSDB) aguarda a conclusão de estudos e decisões judiciais para encaminhar a solução para as duas maiores obras do Mundial. Os TAGs foram assinados em fevereiro de 2016 e o prazo para conclusão das obras é de 18 meses, se findando em agosto.
FONTE: Obra 24 Horas