Comércio de material de construção no CE prevê alta de R$ 300 milhões em 2025
O setor de material de construção projeta um crescimento de R$ 300 milhões em faturamento para 2025 no Ceará, alta de 5% sobre um faturamento anual de R$ 6 bilhões. O montante deve alcançar, assim, R$ 6,3 bilhões neste ano, segundo o presidente da Associação dos Comerciantes de Materiais de Construção do Ceará (Acomac-CE), Carlito Lira.
A alta empregabilidade e o aumento da renda da população cearense devem impulsionar as vendas no setor, especialmente na Região Metropolitana de Fortaleza, que concentra 60% do mercado. No entanto, Carlito ressaltou preocupação com a margem de lucratividade, que tem sido afetada pela alta competitividade e pelo aumento dos custos.
A valorização do dólar tem impactado categorias como elétricos, hidráulicos, metais, iluminação, aço e tintas. Com a moeda americana ultrapassando R$ 6, o preço de produtos importados aumentou, pressionando tanto as margens de lucro das empresas quanto o custo final dos produtos repassados aos consumidores, conforme o presidente.
Este cenário, somado à elevação das taxas de juros e a incertezas em torno da economia brasileira, tem tornado os empresários mais cautelosos, mesmo com o setor crescendo no Nordeste, afirmou Carlito. Ele indicou que as projeções do segmento preveem que a região será a que mais apresentará crescimento a nível nacional até 2033.
“Isso nos deixa otimistas. No entanto, para 2025, a gente precisa ter cautela, pois a situação ainda está muito incerta. Está realmente difícil fazer previsões”, disse o empresário, citando, ainda, que Fortaleza tem atraído muitos investimentos e, consequentemente, comerciantes de outros estados, o que aumentou a concorrência.
Já o Termômetro da Indústria de Materiais de Construção indicou que a expectativa para janeiro é positiva para 44% dos vinculados à Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), 33% veem o cenário como regular, 17% como muito bom e 6% como ruim no Brasil; seguindo dezembro de 2024, em que a maioria (44%) relatou boas vendas.
Cerca de 83% dos associados expressaram, ainda, que pretendem investir nos próximos 12 meses. Em igual período do último ano, o número era menor, com 62%. O presidente da Abramat, Rodrigo Navarro, revelou que os números do levantamento refletem tanto o dinamismo quanto os desafios do segmento.
“Esses dados sinalizam a resiliência da indústria e a confiança em um mercado mais favorável em 2025, com as empresas otimistas sobre um crescimento sustentável para o ecossistema da construção civil nos próximos 12 meses, reforçando-o como um dos pilares para o País em termos de geração de empregos, renda e atração de investimentos”, acrescentou Rodrigo.
Além disso, o Índice da Construção Civil (Sinapi), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no dia 10, acumulou 5,18% em 2024, com variação de 0,04% em dezembro no Ceará. O custo da construção, por metro quadrado (m²), fechou o ano em R$ 1.663,69 no Estado, com R$ 1.023,31 de materiais e R$ 640,38 de mão de obra.
As vendas de cimento, especificamente, fecharam dezembro em alta anual de 2,8% no País, com 4,7 milhões de toneladas, conforme o Sindicato Nacional da Indústria de Cimento (SNIC). Em 2024, foram 64,7 milhões de toneladas de cimento vendidas ao todo, um montante 2,4 milhões de toneladas maior do que o ano anterior.
O presidente da Acomac-CE pontuou que, como o setor de construção civil é essencial, a tendência é de que ele siga os rumos da economia. Com eventual melhora no cenário econômico, ele deve se aquecer. A demanda tem sido forte no Estado apesar do último ano ter sido desafiador em alguns aspectos, incluindo o número de promoções.
Para Carlito, as companhias de construção precisam se concentrar na profissionalização do atendimento, oferecendo produtos de qualidade e um bom serviço ao cliente para atingir os objetivos do setor. Atualmente, há mais de quatro mil lojas de material de construção no Ceará, abrangendo micro, pequeno, médio e grande portes.
Mais notícias de Economia
Construção pesada projeta estagnação em 2025
A expectativa é de estagnação para o setor de construção pesada, com poucos projetos novos em 2025. O cenário econômico, marcado por incertezas e pela alta do dólar, é apontado como o principal fator para essa perspectiva sem otimismo, segundo o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Pesada do Estado do Ceará (Sinconpe-CE), Dinalvo Diniz.
A valorização da moeda americana tem impactado, diretamente, os custos de produção, encarecendo equipamentos e insumos, a exemplo do asfalto e do combustível, que são em grande parte importados ou possuem componentes dolarizados, além da questão do frete internacional, conforme Dinalvo relatou em entrevista ao O POVO.
A participação do setor em obras públicas também foi retratada pelo presidente. Os empreendimentos já contratados devem ter continuidade em 2025, mas sem grandes expectativas de novos investimentos. A única exceção é a ferrovia Transnordestina, que deve receber um aporte considerável de recursos, segundo Dinalvo.
A obra do Anel Viário foi citada, ainda, com preocupação sobre o andamento, que se encontra em ritmo lento, conforme o especialista. Ele expressa dúvidas sobre a continuidade do projeto, afirmando que “pelo que nós estamos acompanhando, a obra está se arrastando, eu tenho minhas dúvidas até que ela prossiga.”
Questionado se as novas gestões municipais podem incrementar o segmento neste ano, Dinalvo descarta a possibilidade devido à dependência da maioria das prefeituras do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) para seu custeio, que limita a capacidade de investimento em obras públicas.
Outro ponto de preocupação é a intensa concorrência por preços baixos, que tem levado empresas a reduzirem seus orçamentos para vencer licitações. Essa prática, embora aparentemente vantajosa para o governo, pode resultar em obras de qualidade inferior, colocando em risco a segurança e a durabilidade dos projetos, ressaltou.
Dinalvo destacou, ademais, que o setor da construção pesada é um importante gerador de empregos, com nove mil postos de trabalho, e contribui significativamente para o desenvolvimento da infraestrutura do Estado. A falta de investimentos, tanto públicos quanto privados, pode ter consequências negativas para a economia local, na sua visão.