Economia brasileira cai mais que o esperado em dezembro, mas cresce 3,8% em 2024, aponta índice do BC

Ao considerar apenas o mês de dezembro, o indicador do BC registrou uma recuo de 0,7%, maior que o 0,4% esperado pelo mercado.

Para o economista Alexandre Chaia, a desaceleração da atividade no mês é fruto de um conjunto de fatores como a inflação e juros altos, que desestimulam o consumo da população e investimentos.

— Acho que tem um terceiro elemento que precisa ser considerado, que é uma eventual desconfiança da economia agora para 2025. Isso pode ter se refletido ali no final do ano, fazendo com que as pessoas diminuíssem as suas disposições a gastar — completa Chaia.

Outro parâmetro é o crescimento trimestral “móvel”, que considera os últimos três meses da série. Neste caso, a atividade econômica desacelerou no balanço de outubro, novembro e dezembro do ano passado, e o IBC-Br apresentou estabilidade (0%).

Apesar desta desaceleração apresentada no final do ano passado, a economista e professora do Insper, Juliana Inhasz, aposta que a alta de juros promovida pelo BC não deve ser interrompida em um futuro próximo. Segundo ela, a empregabilidade (capacidade de se manter ou reinserir no mercado de trabalho) da economia ainda está alta.

— A gente tem que levar em consideração que a empregabilidade da economia ainda é bem elevada. A gente tem aí uma taxa de desemprego baixíssima. Então, a gente pode ter uma taxa de juros mais baixa no futuro? A gente pode até ter, mas parece que esse futuro ainda está distante, pois apesar da desaceleração econômica, a economia ainda está superaquecida — ponderou a especialista.

O economista-chefe do Banco Bmg, Flávio Serrano, aponta que os resultados divulgados pelo BC apontam para uma desaceleração econômica. Segundo ele, apesar disso, a autoriade monetária deve manter a alta de juros, e elevar a taxa básica, Selic, para 14,75% em maio.

“O PIB, que deve ter fechado 2024 com crescimento próximo de 3,5%, deverá desacelerar para cerca de 2,0% em 2025 e o resultado só não será mais fraco por conta do PIB agropecuário – devido à safra de grãos que será muito boa neste ano, com destaque para a soja, projetamos crescimento de quase 7% para o PIB da agricultura”, analisou.

Logo após a divulgação, os juros futuros negociados no mercado chegaram a operar em queda diante do número abaixo das estimativas.

O IBGE divulgará o PIB fechado de 2024 em março deste ano. A estimativa de crescimento da equipe econômica está em 3,3%.

O indicador do BC verifica o volume da produção da agropecuária, da indústria e do setor de serviços, além dos impostos sobre a produção. Porém, o lado da demanda da população não é considerado.

A metodologia do IBGE do PIB é mais abrangente, verificando também o consumo das famílias, gastos do governo e investimentos das empresas, por exemplo.

No fim de janeiro o BC avaliou que a atividade econômica surpreendeu no ano passado, apesar da política monetária de aumento de juros.

“Em particular, o ritmo de crescimento do consumo das famílias e da formação bruta de capital fixo [taxa de investimentos] evidencia uma demanda interna crescendo em ritmo bastante intenso. Tal como em análises anteriores, o Comitê avalia que a conjunção de um mercado de trabalho robusto, política fiscal expansionista e vigor nas concessões de crédito amplo tem dado suporte ao consumo e à demanda agregada”, escreveu o BC, na ata da última reunião do Copom, quando os juros subiram.

Fonte: Construa Negócios